Pela crise existencial nas escolas
- Thaysa Zuccherato
- 19 de nov. de 2024
- 3 min de leitura

Já parou para refletir que passamos a fase mais importante do nosso desenvolvimento social e psicológico na escola? Se formos calcular do maternal até o colegial são dezessete anos. Há pessoas que entram mais tarde, mas no mínimo, não ficamos menos de 15 anos estudando, frequentando todos os dias a sala de aula com pessoas dos mais variados tipos e gostos, ouvindo e apreendendo os mais variáveis temas. Foi na escola que aprendi que na soma e na multiplicação a ordem dos fatores não alteram o produto; sobre às leis da física; que as células tem núcleos; que habitamos o planeta Terra; que nosso país foi colonizado e alguns fundamentos de esportes, enfim. Todo conhecimento vale a pena, até a raiz quadrada, que no meu caso, até hoje não entendi e não precisei, eu acho, rs. O interessante é que entre os milhares de conhecimentos que os adultos acham importante que nós saibamos, não está em pauta uma questão fundamental para a humanidade: crises existenciais, educação sócio-emocional. Passamos pela crise em todos os momentos e etapas da vida. Do infantil ao fundamental 1; do fundamental 2 ao colegial. Saindo do colegial então, socorro! O que eu gosto, o que eu quero, o que vou fazer?! É tanta cobrança que a pressão para encontrar um curso que virará sua profissão é tanta, que acabamos não tendo tempo de descobrir de fato o que gostamos e o que queremos. O mais louco é quando nem mesmo os adultos formados e em alguma profissão ainda não sabem do que gostam e o que querem! E eu entendo. Na sala de aula deveria haver uma disciplina que desse abertura para essa discussão. Essa matéria poderia ter duas vezes na semana, e até poderia chamar-se “crises”. Imagine só! Toda terça e quinta tem na escola uma matéria da qual discutiremos crises internas. Acho que entenderemos melhor aquele aluno que faz bullying com os outros; aquele que tem crises de choro e ficava na sala da coordenação; aquele outro hiperativo ou com algum transtorno global do desenvolvimento que a escola estivesse cuidando, encaminhando para especialistas. Acredito que saberíamos lidar melhor com as diferenças, olhando para nós mesmos e nos respeitando, compreendendo que além de estarmos nos desenvolvendo pedagogicamente para sermos cidadãos alfabetizados e intelectuais, também seremos cidadãos com inteligência emocional e auto responsáveis. As fases da infância teria mais sentido ao sabermos como lhe dar com nossas vontades e impulsos, bem como na adolescência teríamos mais equilíbrio em vivenciar e explorar toda nossa vivacidade. Essa disciplina seria escancarada, para que os pais soubessem de suas responsabilidades em casa para ajudar no processo do desenvolvimento dos seus filhos na escola. Seria a aula que promoveria o diálogo, saberia que a dor, a tristeza e a frustração fazem parte, e a superação e alegria é o que vivenciamos no agora, através de cada gentileza e respeito por si próprio e consequentemente pelos outros. Imagine só que lindo entrar no colegial com essa matéria e descobrir que você pode trabalhar naquilo que gosta e que o dinheiro é uma consequência disso, não o fator dominante para se trabalhar – e o melhor: que sempre há tempo para se fazer o que se gosta. Na verdade, acredito que muitos dos pensamentos ansiosos, angustiantes e duvidosos não seriam massacrantes ao ponto de influenciar na saúde do corpo e da alma, pois nessas aulas, se falaria nesses temas e que são sentimentos necessários quanto o amor, a leveza e o sonho. Tenho esperanças de que ainda presenciarei, e se me convidarem, nem o sonho mais lindo seria tão lindo, de chegar na sala de aula e dizer: essa aula é para conversarmos sobre nós queridos alunos, vocês estão bem? Aguardo ansiosamente...
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